Ontem, passei uma boa meia hora a falar com um casal conhecido sobre as "regalias" e "privilégios" da função pública (FP). Eles, claro, não eram FP.
Tentei fazer-lhes ver que os governos que temos tido, utilizam a táctica tão antiga de suscitar a inveja de alguns trabalhadores sobre outros. Tentei mostrar-lhes como na última década, sucessivamente, os governantes têm nivelado por baixo, cortando os direitos de todos, alternando os ataques aos trabalhadores do privado - com o código laboral - e depois os da FP. Disse-lhes que os recentes ataques à FP iriam ser seguidos por ataques aos trabalhadores do privado. Tentei também fazer-lhes ver como os trabalhadores com mais direitos são as boas referências a alcançar e não a atacar. Invoquei até, em desespero de causa, um barbudo do século XIX que sugeria aos trabalhadores de todo o mundo para se unirem.
No fim cheguei à conclusão que valeu de muito pouco. Os meios de que disponho são bem mais parcos do que as homilias do Marcelo e dos restantes fazedores de opinião, pagos a peso de ouro. Esses não têm regalias nem privilégios. Os FP é que têm. Esta desinformação geral que os donos dos média promovem assegura a domesticação submissa perante os grandes e a cobiça perante os que deviam apenas ser considerados como companheiros trabalhadores.
Que fazer? Continuar a conversa numa outra altura, talvez. Afinal, somos todos trabalhadores...
Sem comentários:
Enviar um comentário